quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Tio, tem um trocado aí? III

E não é que navegando pela interminável net, encontro um livro datado de mil oitocentos e bolinha chamado "Manual para Fazer das Crianças Pobres Churrasco", de um escritor que morreu louco e surdo...

Pora mais que para alguns possa ser razoavelmente chocante ler um texto composto de um humor do tipo:

"Foi-me assegurado por um americano
muito entendido, amigo meu em
Londres, que uma Criancinha saudável
bem tratada é, com um Ano, um Alimento
delicioso e nutritivo, seja Cozida,
Grelhada, Assada ou Fervida; e eu não
tenho dúvidas de que serviria também
em um Guisado ou um Ensopado."

Com o tempero certo, fica MAARAA!

O livro fala sobre como seria uma excelente saída para tantos problemas sociais como desemprego, fome e etc. etc. etc., se simplesmente aceitássemos carne de criança como um alimento. Haveriam mães trabalhando como parideiras, cuidando de seus filhos por até um ano solar (enquanto ainda o fosse alimentar com leite). Segundo as contas, a mãe teria um gasto (com trapos e demais cuidados) estimado em apenas 2/10 do lucro bruto, sendo este um negócio então, deveras rentável.
As mães teriam lucro que as sustentasse e os filhos não sofreriam. O que pode ser mais justo e lógico?

Até uma resenha do livro, vou ditar um terceiro tipo de pedinte, e este é célebre, confesso. O tipo capaz de me extorquir alguns trocados.

-> Essa será uma história real, qualquer relação com pessoas, entidades, organizações ou paranóias reais não é mera coincidência. É uma história emocionante, evidentemente não destinada a pessoas consideradas manteigas derretidas ou mesmo aquelas que gostam de mim como um ser intolerante e impiedoso... <-

O orador
E lá se encontrava o "P", deitado arregalado no sofá assistindo um daqueles estúpidos programas de uma manhã dominical. Seus nefastos cabelos, evidênte inspiração para qualquer obra de Picasso estavam como sempre ficavam todas as manhãs, sua barriga estava cheia do adorável café da manhã preparado pela icônica vovó, quando de repente algo quebra o típico ritual das manhãs de domingo, alguém bate palmas à porta de sua toca, despertando sua intolerância. Ao erguer sua cabeça oblonga até a janela e perceber que era um completo desconhecido vestindo roupas sujas, barbado e com uma gaze enfaixando sua mão débilmente. "maldito seja.." pensa "P" antes de ir atender ao coitado que ele imaginava estar lá para pedir informação. "Pois que peça no iniferno, miserável", dizia o "P" mentalmente para o rapaz com seus não mais de 40 anos. Certamente ele havia encontrado a pior maneira de pedir alguma coisa, mas lá estava o "P", parado em pé defronde o homem, grades separando-o do profano rapaz, quando ele começa seu pedido:

"Bom dia, Senhor..."

Aaaahhhn?? "bom dia"? "SENHOR"?? humm, interessante.. permiti que continuasse.

"... Sou o José da Silva, venho de terras distantes em busca de oportunidades. Infelismente sem sorte mas assim mesmo tentando e tentando com inssistência, me encontro nessa inconfortável situação que me faz necessitar de ajuda. Gostaria então de saber se não teria lhe sobrado, Senhor, do seu café da manhã, um pão e um copo de leite apenas para que eu tenha forças para prosseguir em minha empreitada..."

Ao contrário de sua esposa, Dona Germinda, João da Silva é cordial e educado.

Foi perfeito, mesmo com sua aparência fétida, o cara foi capaz de discursar com maestria aquelas palavras a ponto de fazer parecer até que foram boladas no ato da conversa, e não repetidas milhares de vezes antes... Se qualificou em seu lugar e ainda alimentou meu ego me chamando de "Senhor", fez um pedido de aparencia sincera e de fato, mínimo.

Entrei na minha casa, vi uns pães sobre a mesa, continuei rumo ao meu quarto e peguei uma modesta quantia de minha reserva monetária e entreguei ao rapaz.

Foi, então, gratificante ver os olhos do homem brilharem ao receber um gesto tão caridoso. Em meio a alegria ele mal soube o que fazer, tropeçou nas palavras límpidas de antes, sob forte emoção, dizendo desconexas sentenças de "deus lhe pague", enquanto não sabia ao certo se caminhava logo para a padaria da esquina ou fazia uma reverência ao seu saldoso e ilustre salvador do dia, o "P"!

Um comentário:

mialle disse...

Mentira que isso aconteceu mesmo...
nossa alguém te tirou dinheiro desse jeito... uh...
mto bom.

beijooo

isso então pode querer dizer que voce vai pagar meu sorteve ? XD